quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Campo de batalha.




Escrevo-te mais uma vez. Como todos os dias.
As horas passam sangrentas e cada vez mais o frio me consome.
Não sou o único aqui e vejo todos à minha volta que, tal como eu, sonham voltar a casa um dia. Voltar ao calor da lareira.
Voltar a sentir nos meus braços a mulher que me dá sonhos.
Esta batalha tem sido das mais difíceis que já travei. E todos os dias me agarro ao canto no meu coração que guardaste para ti.
E aperto-te num abraço silencioso.
Todos os dias, ao voltar ao acampamento, escrevo tudo o que gostaria de te dizer. Descrevo todas as coisas belas que vi. Guardo as más para mim. Não vá um dia eu padecer à má fortuna e que alguém te envie as minhas palavras. Que sejam todas belas.

E se há dias que me alegram, são dias como o de hoje. Que o mensageiro nos acorda do meio sono que nunca temos por inteiro e nos estende uma carta suja da viagem.

- Dois meses sem mensageiro! Que aconteceu?
- Mudaram o acampamento, demorei a encontrar-vos.
- Sim, mas enviamos um dos nossos a comunicar a nossa localização.
- Nunca chegou.

Morto. Provavelmente.
Mas chorarei por ele outra altura.
Agora vou aquecer o coração e ler o que me escreveu o meu amor...



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