quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Retrato da minha Velhice.


Uma sala não muito grande para não perder conforto, não muito pequena porque têm que caber as estantes. Uma poltrona, um candeeiro de pé, uma manta no meu colo, a lareira acesa e o monte dos "must read" na escrivanhinha na parede em frente. O chão é num parquet de mogno. Nas estantes, livros de capa dura tão velhos que já não se lê nada na lombada. A neve já quase cobre as janelas e a luz do candeeiro é a minha companhia pela noite dentro.

Vive!

Não faças demasiados planos, a vida é um rascunho. Muita coisa rasurada e um monte de parêntesis. Não podes apagar. Podes escrever por cima, mas não se vê tão bem e deixa margem para dúvidas.
Não pares para pensar, escreve!

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

O Dantas cheira mal dos pés!

Todos com os olhos postos nos seu botões.
Todos iludidos com a sua própria visão do mundo.
Cambada de Dantas que aí anda.
Morram todos! PIM!

É no mau sentido!


O mundo não é cor-de-rosa. Também não é a preto e branco.
O mundo é cheio de cores!!!
Não, não digo isto no bom sentido.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Cinema a cores, Mundo a preto e branco.



A sociedade de hoje é como um bom filme dos anos 30. É a preto e branco e não tem voz. E os actores limitam-se a seguir o guião a que nós chamamos Media.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Memórias do meu jardim.



Eu lembro-me deste banco de jardim ser verde e não castanho e preto. Eu lembro-me das pernas deste banco não terem ferrugem. Lembro-me deste jardim estar cheio de flores de cores vivas, agora é um relvado meio careca. Lembro-me de me sentar aqui a ouvir os pássaros cantar a vida, hoje apenas se ouvem pombas que batalham pela comida que os velhos deixam. Este jardim é, agora, o hábitat natural dos cães vadios. Ali, no sopé daquela árvore, costuma estar um toxicodependente a morrer, todos os dias.
Eu estou deitado no chão, em cima da merda das pombas. Derrotado, com o Sol a bater na cara.
Aguardo o dia em que alguém irá restaurar o banco e plantar flores neste jardim.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Eu já sonhei....



Hoje sou apenas uma máquina de carne na linha de produção que é a nossa sociedade.
Mas houve um tempo em que eu construia castelos com os sonhos.
E hoje ainda encontro, perdido nas ruinas do meu castelo, o sonho de estar um dia numa estante, fechado dentro de um livro.
Imagino-me vestido de pó, com a minha pele branca já amarelada da velhice. Esquecido numa secretaria, a servir de calço para o sonho de alguém.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Palavras velhas de esplanada.



Estou sentado à sombra de uma árvore por nascer, na margem de um rio que já correu.
E estou assim, inerte. Sem saber se fico para ver a árvore crescer ou vou para onde o rio foi.