sábado, 10 de julho de 2010





Desaprendi a ler. Leio páginas e páginas sem ler nada.
O que é que eu perdi?



Dez.



Estou encostado a uma casa velha, a cair de podre. A casa, não eu.
Vejo-te chegar, esbelta. Esse teu andar cheio de postura, certeza, carácter... cheio de ti.
Caminhas como uma princesa sobre este chão destruido pelas máquinas de fazer merda, vulgo pombas. Os carros cospem cancro pulmonar pelo cano de escape e viajam a uma velocidade tão absurda que parece que todos os condutores são cardiologistas a caminho de operar 10 pessoas. Sim, 10. Dez. Dez é o número certo! Parece-me. Foi um aparte, desculpem.

Tu continuas, como se nada te abalasse. Como se tudo o resto fosse apenas isso, resto.

E páras! A um passo de mim. Encaras-me com esses olhos escuros, lábios finos apetitosos.
Essa tua pele de bronze que me faz brilhar os olhos.
Ficas ali, a um passo de mim. A desviar o olhar quando eu te fito. E eu, cobarde como sou, desvio o meu.
Reparo em tudo em ti. Desde as magnificas curvas, ao penteado de menina. O teu sorriso; ai! Esse sorriso capaz de vencer guerras!!

Ficamos numa dança de olhares por um tempo que eu quis que fosse eterno.
Chega o autocarro que me vai levar ao trabalho. Eu entro e olho-te uma ultima vez.

Adeus desconhecida, foi um prazer Ver-te.