domingo, 18 de abril de 2010

Derrame verbal



Tive um acidente grave. Bati a alta eloquência contra uma parede de texto.
Com tamanha força que achei que tinha ficado em papa de letras.

Chegam os poetas na ambulância, alguém ligou para as urgências da biblioteca.
Desinfectam-me os parágrafos, limpam-me os erros e dão-me pontos nas frases recém abertas.

Ligam-me as histórias, sentam-me numa cadeira de palavras.
Perguntam-me o meu nome e dizem:
"O Sr. tem que nos acompanhar para um exame, teve um derrame verbal na ponta dos dedos."

Eu olho para o chão e vejo toda aquela tinta que me escorreu das mãos só para escrever que te amo.

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