sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Perfume



"Que há num simples nome? O que chamamos rosa, com outro nome não teria igual perfume?"

E tu! Ó rosa minha! Exalas esse teu perfume a que me acorrentou a paixão.
Desperta, no seio das montanhas bem longe de mim, o Sol toda a manhã, essa estrela que brilha na tua sombra. E desperto eu. Para sentir, uma vez mais, o aroma da tua ausência.
Os meus dias são compridos como a viagem do navegador que tenta, incansavelmente, alcansar o horizonte. Eu sobrevivo, impaciente, ao que o tempo me submete. E aguardo, qual ponteiro de relógio, que batam as doze badaladas. Já o sol, cansado, fugiu para dormir com Poseidon e escrever sobre a grandeza e o perfume da estrela que brilha à luz do anónimato.
Sento-me, com a Lua na minha companhia, para te ver descansar nesse sono profundo.
Encho os pulmões, grito ao deuses de tal forma que até os mortos acordam. Peço-Lhes que parem o tempo para que eu fique assim, quieto, imóvel, inerte, a ver-te brilhar na noite escura.
Não me concedem o desejo, só a ti se vergariam os deuses. Vou ficar aqui, então, a sentir o frio gélido e a tentar imortalizar este amor que me sufoca. Enquanto nas veias me correr vida irei viver cada momento na lembrança deste unico momento. Com saudade.

A ti, rogo-te que deixes o mundo sentir o teu perfurme, mesmo depois da hora da minha morte. Para que o próprio mundo aprenda que nele habita um mundo ainda maior, sob a forma de mulher.

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